Lab poético

Mariana Paim
1 min readFeb 25, 2018

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Copo

Recorta

sobre o vazio

a promessa

de matar

na boca

a secura

Livro

Contorno onde

se confundem

a borda do meu nome

e tantos outros:

Me livra de mim

Janela

Testemunha

a vida que passa

e silencia

segredos

interiores

Cabide

Ainda depois

da espera

guarda em si

o desenho

da nudez

Avental

Convém sentir

que a corda

esteja bem atada

ao pescoço

antes de usar

Espelho

À noite

mesmo que por instantes

pode escolher

entre repousar

um pouco a claridade

que pende da lua

em lugar desses

olhos cansados

Porta

É bom lembrar

que esta sempre

aberta à saída

Cinzeiro

Apagado

no teu corpo

ainda mantem

sobre si

a presença

dos teus lábios

Para não fazer rima-a-dor

I

Luta

para manter

unidas as pontas

da nossa nudez

II

Tenta roubar

do tempo

a tarefa

de sentenciar

a permanência

III

Tenta se equilibrar

entre o desejo

de adiar a morte

e evitar a vida

IV

Foi mastigando

pedras

que lhe fizeram

os dentes

V

Um movimento

concêntrico

também pode

movimentar

o que não é

visível

Posto que é noite

há silêncios que irrompem

naqueles que esperam

a manhã

que urge

na promessa

de que a distância

seja sempre algo à relativizar

entre um corpo

outro

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Mariana Paim
Mariana Paim

Written by Mariana Paim

Poeta, professora, pesquisadora e militante feminista.

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