Lab poético
Copo
Recorta
sobre o vazio
a promessa
de matar
na boca
a secura
Livro
Contorno onde
se confundem
a borda do meu nome
e tantos outros:
Me livra de mim
Janela
Testemunha
a vida que passa
e silencia
segredos
interiores
Cabide
Ainda depois
da espera
guarda em si
o desenho
da nudez
Avental
Convém sentir
que a corda
esteja bem atada
ao pescoço
antes de usar
Espelho
À noite
mesmo que por instantes
pode escolher
entre repousar
um pouco a claridade
que pende da lua
em lugar desses
olhos cansados
Porta
É bom lembrar
que esta sempre
aberta à saída
Cinzeiro
Apagado
no teu corpo
ainda mantem
sobre si
a presença
dos teus lábios
Para não fazer rima-a-dor
I
Luta
para manter
unidas as pontas
da nossa nudez
II
Tenta roubar
do tempo
a tarefa
de sentenciar
a permanência
III
Tenta se equilibrar
entre o desejo
de adiar a morte
e evitar a vida
IV
Foi mastigando
pedras
que lhe fizeram
os dentes
V
Um movimento
concêntrico
também pode
movimentar
o que não é
visível
…
Posto que é noite
há silêncios que irrompem
naqueles que esperam
a manhã
que urge
na promessa
de que a distância
seja sempre algo à relativizar
entre um corpo
outro